HUMANISMO DE FUNCIONAMENTO PLENO: TENDÊNCIA FORMATIVA NA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA – ACP

wp-1662435900135

HUMANISMO DE FUNCIONAMENTO PLENO: TENDÊNCIA FORMATIVA NA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA – ACP
Francisco Silva Cavalcante Junior e André Feitosa de Sousa (orgs.)
Alínea Editora- Campinas/2008


Esta obra subscreve a retomada de uma nova Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) no Brasil.

Em um primeiro aspecto, trata-se de uma coletânea que se enfoca no conceito e aplicações da Tendência Formativa, enquanto viga de referência dessa Abordagem, conforme seu criador, Carl Rogers.

É, também, fruto de uma convergência intelectual que reuniu, em um mesmo volume, a nova geração de escritores brasileiros da ACP, influenciados diretamente pelos trabalhos de Maria Constança Villas-Boas Bowen (in memorian), natural de Salvador (BA), cuja trajetória de vida inclui a experiência de ter se tornado uma das psicoterapeutas de Carl Rogers nos EUA, e do norte-americano John Keith Wood (in memorian), cuja residência fixada no Brasil deixou um legado importante durante a sua docência na PUC-Campinas e na Estância Jatobá, em Jaguariúna (SP).

Por outro lado, é um livro que não se restringe aos fichamentos e convenções sobre a temática, na medida em que apresenta ensaios e discussões de campos diferenciados, proporcionando ao leitor uma oportunidade, inédita nas últimas décadas, de fazer avançar a Psicologia Humanista a partir dela mesma.

Este livro resgata, portanto, um Humanismo que aceitou o desafio de afirmar suas bases e localizar, dentre suas raízes e panoramas, qual seja a especificidade mais radical e própria que o distingue de tudo mais nas vizinhanças metodológicas, recentes e tardias.

É um Humanismo que não marcha ao lado das velhas críticas e dos passos titubeantes, inúmeros e de toda ordem, aqueles mesmos incapazes de buscar, na herança proficua de Rogers, um lastro de consistência para reflexões e compreensões mais robustas.

Alguns diriam um Humanismo renovado, imbuído de vitalidade, de um mergulho sideral no universo humano ou melhor, na dimensão da vida que também se exprimiu como organismo humano.

Outros, ainda, diriam um Humanismo de rigor, que não se refuta a defender, esmiuçar, problematizar e insinuar a que veio, na fragrância dos ideais e causas perenes de seus fundadores, abraçando e inovando questões contemporâneas na Teoria da Experiência e da Filosofia Pragmatista.

Poderia, também, tratar-se de um Humanismo multifacetado e fractal, atento à singularidade do humano, ao mesmo tempo em que é firme ao ratificar o lugar central dos fluxos e movimentos vitais como primado da vida: um Humanismo, deste modo, não antropocêntrico e, por isso mesmo, sensível a mudanças, aberturas e crescimentos, fertilizados do cosmos, intumescidos com o mesmo hummus que faz crescer a tudo nos horizontes.

É, por conseguinte, um Humanismo em Pleno Funcionamento, que se faz presente na Educação, Organizações, Comunidades, Psicoterapia, Saúde Pública, Mediação de Conflitos, Grandes Comunidades, dentre outras interfaces que, outrora, irmanaram as Tendências Atualizante e Formativa.

Melhor dizendo, um Humanismo cuja preferência à complexidade da vida soube reconhecer que todos os organismos (não apenas o tipo humano) são portadores de uma tendência ao crescimento e expressão da criatividade, quando lhes forem proporcionadas ambiências acolhedoras e propulsoras de mobilidade e expansão dos seus recursos internos.

Um Humanismo que se articula sob bases de inteireza organismica e obsta o postulado de um reducionismo organicista mecânico-funcional, contextualizando, devidamente, que essa direção intrínseca e espontânea ao desenvolvimento dos potenciais da vida é o selo que autentica a todas as formas e arranjos presentes no mundo conhecido e por vir, e, dessa direção, conseqüentemente, o universo utiliza-se nas suas composições e performances.

Sem dúvidas, o poeta estava correto, ao ponderar que “ninguém que tenha natureza de pessoa pode esconder as suas natências” (Manoel de Barros).

Este livro não fala de tudo, não traz ou alude a todos os autores na área abrangida, contudo, tem o mérito de apresentar algumas das experiências natas do Brasil e do Nordeste no que diz respeito à Tendência Formativa, à ACP, ao Humanismo Experiencial, à Psicologia e ao Pragmatismo.