
ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO CENTRADO NA PESSOA
Rachel L. Rosenberg (Org.)
EPU- São Paulo/1987
Aconselhar, verbo, ação condensa múltiplos significados.
Desdobra-se e desloca-se em sentidos por vezes contraditórios, antagônicos.
Próprio da linguagem é o duplo efeito de clareza e ambiguidade no qual se produz a comunicação humana.
Tratamos aqui de comunicar, com a maior clareza possível, ideias elaboradas a partir de uma maneira singular de praticar a ação de aconselhar. Não temos, contudo, a pretensão de eliminar toda ambiguidade.
Nas brechas da ambiguidade, do discurso e da prática, emerge a dúvida e a novidade. Gostaríamos sim de, preliminarmente, resgatar alguns significados da palavra aconselhar: significados próximos daquilo que buscamos em nossa prática.
Aconselhar vem do verbo latino consiliare e nos remete a consilium, que significa com/unidade, com/reunião.
Esta significação é importante, pois supõe a ação de duas ou mais pessoas voltadas para a consideração de algo.
É a própria noção de um conselho: várias pessoas reunidas para examinar com atenção, olhar com respeito, para deliberar com prudência e justeza.
Quando pensamos no processo de Aconselhamento Psicológico, pensamos exatamente na relação de duas ou mais pessoas voltadas para a consideração atenta, respeitosa e prudente de algo que é vital para uma ou várias delas.
Aconselhar, nesse sentido, não significa fazer ou pensar pelo outro, mas fazer ou pensar com o outro.
O discernimento, a clareza, a verdade advêm desta possibilidade de compartilhar. Se distinguirmos, este papel está ligado ao discriminar, elaborar e deliberar com o no processo de Aconselhamento Psicológico, um papel de conselheiro, cliente.
Lembramos o dito popular: o travesseiro é o melhor conselheiro.
A sabedoria popular destaca que o indivíduo às voltas com alguma questão ou dúvida vital é, ainda e por isso, o melhor conselheiro para si.
O bom conselheiro como o travesseiro – ajuda o indivíduo a discernir um caminho a trilhar, embora não possa trilhá-lo por ele.
